Existe a teoria de que as guerras não deviam ser reguladas, que devíamos permitir que fossem o mais cruel e sangrentas possíveis para que não voltassem a repetir-se. A mesma teoria diz que a partir do momento em que começarmos a definir as «regras do jogo» para estas situações, estamos a transformá-las numa espécie de desporto retorcido.
No entanto, outra escola de pensamento diz que as guerras são inevitáveis e que por isso devemos fazer tudo o que for possível para minimizar as consequências ao máximo. Esta linha de pensamento foi a que levou a regular o uso de armas de guerra, proibindo as mais cruéis e as que são mais propensas a afectar, não apenas os exércitos, como também os civis.
De seguida vamos apresentar 5 armas proibidas por diferentes convenções e tratados ao longo da história. Mas apesar disso, há que dizer que enquanto espécie não temos feito um grande trabalho a respeitar as nossas próprias regras para não nos aniquilarmos.
Armas químicas
Durante a Primeira Guerra Mundial, substâncias como o «gás mostarda» e o fosgénio foram responsáveis pela morte de milhares de soldados. Trata-se de substâncias químicas que atacam o sistema respiratório e provocam uma morte horrível.
Dada a sua letalidade, o seu uso foi interditado pelo Protocolo de Genebra em 17 de Junho de 1925 que proibiu a «utilização em guerra de gases asfixiantes, tóxicos ou similares e de métodos bacteriológicos de guerra».
Apesar desta proibição e da posterior ampliação da decisão em tratados como o Convenção sobre Proibições ou Restrições ao Emprego de Certas Armas Convencionais e o Convenção sobre Armas Químicas de 1997, as armas químicas continuaram a ser utilizadas, havendo registo de várias violações ao longo dos anos. A mais recente destas violações terá ocorrido em 2013, no contexto da Guerra Civil na Síria, quando foi utilizado gás de cloro em algumas aldeias deste país árabe.
Armas biológicas
As armas biológicas não são nenhuma novidade. Já no século VI a.C. os assírios haviam contaminado o fornecimento de água dos seus inimigos com fungos que faziam as pessoas delirar, e no século XIV os mongóis usaram corpos de guerreiros mortos e contaminados por uma praga como «munições».
No entanto, à medida que a tecnologia avança, também avança o conhecimento de diferentes mecanismos infecciosos tornando as armas biológicas cada vez mais letais e perigosas. Por essa razão, foram proibidas pelo mesmo protocolo de 1925 que proibiu as armas químicas. Desde então que diversas convenções ratificaram a proibição do uso destas armas tão cruéis.
Minas antipessoais
O Camboja no sudeste asiático é um dos países com mais amputados no mundo. O que é que isso tem a ver com a nossa lista? Pensa-se que só neste país, as minas terrestres, um vestígio de guerras passadas, já terão provocado mais de 35 000 amputações.
As minas antipessoais são aquelas que foram estudadas para matar o lesionar as pessoas e não para atacar veículos. Durante guerras como a do Vietname, foram lançadas milhares destas armas. Muitas delas nunca explodiram e continuam no mesmo lugar à espera que alguém desprevenido as pise e active.
Esta foi uma das razões pelas quais em 1997 foi assinado o acordo de Otava (que entrou em vigor em 1999) sobre a «Convenção Sobre a Proibição da Utilização, Armazenagem, Produção e Transferência de Minas Antipessoal e Sobre a sua Destruição». Lamentavelmente e embora mais de 130 países tenham subscrito este acordo, potências como a Rússia, a China e os Estados Unidos ainda não o assinaram.
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Armas cegantes a laser
A ideia de armas laser pode parecer saída directamente da ficção científica, mas já são uma realidade há algum tempo. Com efeito, o Protocolo IV da Convenção de Genebra sobre Proibições ou Restrições ao Emprego de Certas Armas Convencionais, que entrou em vigor em 1998, proibiu o uso de armas laser projectadas especificamente para causar danos como a cegueira.
Estas armas apenas são permitidas se forem usadas contra equipamentos, e não pessoas, devendo ser tomadas todas as precauções racionais para evitar que causem danos permanentes a indivíduos.
Armas com estilhaços não localizáveis
O primeiro protocolo da convenção anterior proíbe também o uso de armas que utilizem como munição principal fragmentos não detectáveis através de raios X.
A justificação por trás desta proibição reside no facto dos estilhaços não serem detectáveis e por isso serem difíceis de extrair do corpo humano, podendo provocar sofrimento desnecessário.