A Terra em Marte

Profecias surpreendentes da literatura

serendipiaA historia da literatura tem um ponto curioso que pode estar mais associado com o mundo das profecias do que propriamente com a escrita. Trata-se das serendipias literárias. A serendipia é um termo que se refere às descobertas casuais feitas pelos cientistas a partir de acidentes ou acções inesperadas. Na literatura esta palavra está associada mais com o relato de uma história de ficção que depois de passado algum tempo acaba por se tornar realidade. A palavra “Serendipia” tem origem na palavra inglesa “serendipity”, criada pelo escritor britânico Horace Walpole em 1754, a partir do conto persa infantil “Os três príncipes de Serendip”. A ficção de Walpole narra as aventuras de três príncipes do Ceilão, actual Sri Lanka, que faziam descobertas inesperadas, cujos resultados, aparentemente, não estavam procurando. No entanto, era a sagacidade do grupo que os levava a descobrirem “acidentalmente” a solução de intrincados problemas. A sagacidade e inteligência do trio tornavam os príncipes geniais, não por serem portadores de um dom especial, mas por possuírem mentes abertas (e atentas) a múltiplas possibilidades, nas quais o comum dos mortais tropeça sem perceber onde está pisando.

Não é frequente, mas os exemplos que existem são verdadeiramente assombrosos. Vejamos alguns destes relatos que se adiantaram aos factos.

No ano de 1850, o genial Edgar Allan Poe escreveu “As aventuras de Arthur Gordon Pym”. A história narra o naufrágio de um barco nos mares do sul do Atlântico, próximo das Ilhas Malvinas, do qual apenas sobrevivem quatro pessoas que ficaram à deriva numa bote salva vidas. Desesperados, com cansaço e cheios de fome, decidem matar um deles para poderem os outros poderem sobreviver. Para isso decidem tirar à sorte para ver quem teria a pouca sorte de ser o escolhido, tendo sido sorteado o cozinheiro da embarcação. Um tal de Richard Parker.

Alguns anos depois, em 1884, uma embarcação de origem britânica naufraga próximo das Ilhas Malvinas. Sobrevivem quatro pessoas a bordo de um bote salva vidas. Desesperados, decidem matar um deles para o comer. A sorte indica que que irá morrer será o cozinheiro. Um tal de Richard Parker.

Singular é o caso do escritor Jonathan Swift que no seu famoso livro do ano de 1726, “As viagens de Gulliver”, fala das duas luas do planeta Marte. Dá-lhes o nome de “Medo” e “Terror” e descreve a sua órbita e distância ao planeta.

Nesses tempos não se sabia ainda da existência quaisquer luas em Marte. Mas existem efectivamente duas, que apenas foram descobertas no ano de 1877. As luas têm um diâmetro muito semelhante ao descrito por Swift, e além disso a órbita era praticamente igual. As luas acabaram por ser baptizadas com os nomes de Fobos e Deimos, palavras de origem grega que significam medo e terror.

O escritor norte-americano Lester del Rey, por outro lado, publicou no ano de 1954 o seu livro “Viagem à Lua”. Nele conta como a nave Apolo aterra em solo lunar. Mais curioso se torna o resto da descrição: quando se abre a escotilha e desce da nave o comandante Armstrong para pisar pela primeira vez o solo desse mundo desconhecido. Quinze anos mais tarde a realidade imitava a ficção, quando Neil Armstrong chegaria à Lua a bordo da Apolo 11.

Por último, no ano de 1898, Morgan Robertson, publicou uma obra com o nome de “Futility”, onde descrevia o naufrágio de um grande barco na sua viagem inaugural entre Londres e Nova Iorque. Os relatos coincidem com o naufrágio do Titanic, que aconteceu 14 anos após a edição do livro. Este também se afundou na sua viagem inaugural entre Londres e Nova Iorque. Na realidade, o naufrágio do Titanic aconteceu devido a ter chocado contra um icebergue nos mares do Atlântico norte, tal como sucedia no livro. Também era um barco de um tamanho considerável, que se pensava ser impossível de afundar. O capitão do navio do livro chamava-se Smith, tal como o capitão do Titanic.

Mesmo assim talvez a maior coincidência de todas tenha sido o nome que Robertson deu ao barco no seu livro. Chamava-se “Titan”.

Quem diz que não há coincidências?

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