O ano 2015 não foi nada meigo em termos climáticos: inundações graves, aumento das temperaturas, deslizamentos de terras, e tudo devido a um fenómeno cujo nome (El Niño) até nos deveria despertar alguma ternura.
Não é novidade nenhuma falar sobre o famoso fenómeno do El Niño, mas há que prestar atenção aos graves desastres que poderá vir a provocar durante o ano de 2016 e que prometem vir a ser dos mais extremos de que há registo.
O fenómeno do El Niño em 2016
Antes de falar deste preocupante evento climático que tem vindo a provocar estragos há já muitos anos sempre que surge, temos que saber do que se trata.
O famoso fenómeno El Niño acontece quando aumentam as temperaturas da água do mar na região do Pacífico junto ao equador, o que faz com que esta corrente quente se desloque em direcção a sul e provoque uma instabilidade atmosférica que dá origem a ventos mais quentes do que o habitual. Isto é o que está na origem das consequências climáticas próprias do El Niño.
Apesar de este ser um fenómeno periódico e regular, o que nos está agora a afectar é o mais duro e grave de que há registo, tanto que foi denominado como o El Niño Godzilla, e do qual nos primeiros dias deste ano pudemos ver os fortes efeitos nas inundações que provocou no Paraguai, Uruguai, Argentina, México, Estados Unidos e Canadá.
O NOAA (National Oceanic and Atmospheric Agency) dos Estados Unidos refere que a temperatura das águas do Pacífico central são actualmente as mais altas de que há registo e isso traduz-se numa forte instabilidade que provoca chuvas torrenciais, inundações e deslizamentos de terras.
El Niño Godzilla
2016 deverá ser o ano em que o El Niño Godzilla irá fazer sentir mais fortemente os seus efeitos. Estes efeitos não só são destrutivos em relação às povoações e cidades, como também arruínam culturas e provocam uma diminuição da produção de alimentos. Consequentemente há um aumento dos casos de doenças infecciosas, muitas das quais se deverão expandir das zonas onde são endémicas para outras regiões.
Os efeitos do El Niño Godzilla fazem-se sentir não apenas no continente americano, mas também noutras zonas do Pacífico e do oceano Indico (como sucede na Austrália), onde as altas temperaturas das águas do mar provocam mais chuvas e colocam em perigo a flora e fauna da costa, onde se destacam os Recifes de Coral.
Axel Timmerman, um especialista no fenómeno do El Niño que trabalha na Universidade do Havai, prevê que em 2016 os efeitos deste «El Niño Godzilla» possam ser gravíssimos. Por exemplo, podemos esperar chuvas torrenciais acima do normal e acompanhadas por ventos fortes, ciclones e tempestades tropicais em zonas onde estas não são comuns, temperaturas recorde que podem provocar incêndios e uma série de desastres relacionados com estes pouco comuns fenómenos climáticos.
Apesar do fenómeno do El Niño se caracterizar por ter uma duração de três a sete anos, este modelo previsional poderá não se aplicar ao «El Niño Godzilla» porque o aquecimento global que está a decorrer tem um efeito sobre o comportamento deste verdadeiro castigo da natureza. Se 2015 foi um ano de recordes em relação a temperaturas, chuvas, ciclones e até mesmo secas, o ano de 2016 promete superar todas as marcas. A retirada do El Niño dará lugar a outro fenómeno designado por La Niña, uma versão oposta onde as correntes frias são protagonistas e que também poderá chegar com um nível de força nunca antes visto.