“Vivemos em um mundo obcecado com imagens. Qual é a nossa aparência, como são as nossas roupas, casas, carros…Gostaria de contrariar essa obsessão pelo superficial tirando as camadas e mostrando o que está em baixo da superfície.”
É assim que Nick Veasey se descreve, no trabalho que realiza com radiografias. Um trabalho completamente diferente do que estamos habituados a ver.Nick Veasey começou a fotografar por brincadeira, quando teve a ideia de usar um aparelho radiográfico, para descobrir uma lata de Pepsi premiada, entre milhares de outras num camião. Não conseguiu achar tal lata mas esta estranha experiência deu-lhe novas perspectivas que o levaram à carreira que hoje abraça e que o tornou conhecido por todo o mundo.
Mas de brincadeira inicial, esta actividade adquiriu uma enorme dimensão, à qual se dedica com grande seriedade e rigor. Para se ter uma ideia da complexidade deste tipo de fotografia, podemos dizer que as radiações são perigosas, as dificuldades técnicas imensas, a logística complexa, a investigação constante, e as experiências falhadas também são muitas. Tudo isto é um desafio para o fotógrafo que, vestido com um pesado equipamento de protecção, realiza inúmeras chapas de toda a espécie de objectos do quotidiano. Só para compor a imagem do Boeing 747 dentro do hangar, Veasey precisou de cerca de 500 chapas com detalhes do avião. O resultado final só surgiu após muitas horas no computador no Photoshop. Sim Photoshop, porque muitas das suas imagens são compostas no computador, como um puzzle enorme.
É este processo que explica o aparecimento de diversas figuras humanas nos seus trabalhos em poses do dia-a-dia, que lhes emprestam realismo, expressividade e poética. Os esqueletos não são de pessoas reais, como se poderia pensar, mas sim imagens digitais cuidadosamente colocadas nas fotos.
Tudo isto faz de Nick Veasey um artista ímpar, talvez mais influenciado pela música ou cinema, do que propriamente pela fotografia ou pela ciência.
Num mundo habituado a olhar apenas para as aparências, Nick Veasey quer ir mais longe e ver a alma das coisas.
Alguns trabalhos do autor:
