Apesar de que existirem imensos casos de impostores e vigaristas, o caso de Frank Abagnale (nascido em 1948) transcende todos os outros, quer seja pela mestria com que desempenhava o seu papel, como pelo facto de após ter sido condenado ter passado a ser um conselheiro importante na luta contra a falsificação e o roubo, embora isso não tivesse impedido que tivesse sido castigado exemplarmente. As suas aventuras e desventuras foram contadas no filme “Apanha-me se puderes” (Portugal) ou “Prenda-me se for capaz“ (Brasil), protagonizada por Leonardo DiCaprio e dirigido por Steven Spielberg.
Começou as suas vigarices aos 16 anos quando levantava dinheiro através de cheques falsos, método baseado na impressão do seu número de conta em cheques em branco, que posteriormente preenchia e levantava no banco. Com uma identidade falsa de piloto da Pan Am viajou de forma gratuita em cerca de 250 voos, visitando neste processo 26 países (tudo à conta da companhia aérea). Apesar de não ter qualquer formação como piloto esteve aos comandos de vários aviões. Mesmo sem estudos na área do direito, chegou a exercer a profissão de advogado em tribunais, tendo o mesmo acontecido quando se fez passar por médico pediatra.
O mais surpreendente desta história não foi a sua habilidade para representar e enganar, mas o facto da sua fulgurante carreira criminosa ter decorrido e terminado antes de ter completado 21 anos de idade. As autoridades apanharam-no em 1969, embora não tivesse sido nos Estados Unidos mas na França. Durante o período em que esteve foragido passou por 12 países e escapou da justiça em duas ocasiões. As suas penas de prisão foram repartidas, cumprindo um ano em França, seis meses na Suécia e depois 12 anos numa prisão nos Estados Unidos.
O mais curioso foi os seus serviços terem sido requisitados pelo FBI como consultor na área da falsificação, graças aos seus conhecimentos da forma de funcionamento do mundo da fraude e pela sua perspicácia. Frank Abagnale é o exemplo perfeito do que poderíamos chamar “um gajo com sorte”.