Diz-se que a realidade supera a ficção e também que os sonhos de hoje serão a realidade de amanhã. Isto implica que também alguns pesadelos são possíveis e mesmo tornar-se ainda piores do que poderíamos imaginar.
Recordemos George Orwell, que nos descreveu no seu livro “1984″ uma sociedade completamente vigiada por uma autoridade superior, conhecida como Big Brother, nome escolhido talvez para lhe dar um toque paternalista e protector, muito longe dos seus verdadeiros objectivos de ferramenta para o controle das massas.
Até há poucos anos era popular a figura do detective com óculos escuros, gabardina e a fumar sob uma janela enquanto vigiava alguém. Mas hoje em dia, com o incalculável fluxo de informação que circula pela Internet e com a informatização de todos os sistemas, esta imagem do espião clássico caiu no esquecimento.
Desde o início da guerra fria que os Estados Unidos e o Reino Unido firmaram um acordo para a criação de um sistema conjunto de espionagem e defesa. A esta iniciativa uniram-se mais tarde a Austrália, o Canadá e a Nova Zelândia, criando uma ampla rede de comunicações chamada Echelon, para poder interceptar qualquer movimento dos soviéticos.
Curiosamente, após terminar a guerra fria, o Projecto Echelon continuou em funcionamento, sendo usado para investigar civis e contrariando assim os seus princípios básicos de mecanismo de defesa de guerra.
O Parlamento Europeu vetou este projecto no dia 5 de Setembro de 2001 e embora na prática não o tivesse detido, permitiu ao mundo confirmar a sua existência, algo que o governo dos Estados Unidos sempre negara. Por “acaso” 6 dias depois aconteceu o 11 de Setembro, que entre muitas outras consequências, veio impulsionar novamente o Echelon graças às novas leis antiterroristas.
Mas como funciona esta rede? Pois é muito fácil, todos os programas de correio electrónico têm protocolos de análise do conteúdo, tal como se pode fazer com as comunicações analógicas (telefone) mediante o reconhecimento de ondas. Estes protocolos costumam ser passivos, apenas analisando as mensagens, mas se detectam determinadas palavras-chave (bomba, terrorista, atentado, etc.) com demasiada frequência, fazem soar o alarme e enviam a informação à central. Se reincidimos demasiado ou a nossas mensagens têm demasiadas “palavras quentes”, será quase seguro dizer que se estará sob vigilância.
Torna-se curioso observar como inclusivamente quando escrevemos um texto no Microsoft Word e depois o apagamos, guardando-o em branco, pode-se ler esse texto que apagámos se o abrirmos com o WordPad do Windows. Inclusivamente o que apagamos é guardado em código. Inquietante, não?