Na imagem composta mais abaixo podemos apreciar como é um pôr-do-sol na Terra e como é em Marte, o nosso planeta irmão. Numa altura em que tanto se fala na necessidade da humanidade de sair deste planeta, haverá muita gente que estará de acordo comigo quando digo que esta é uma boa opção.
Esta excelente fotografia foi a Astronomy Picture of the Day (NASA) do dia 12 de maio de 2015 e realmente merece a nossa admiração. à esquerda (foto de Damia Bouic) temos um entardecer em Marselha (França), enquanto à direito podemos apreciar o entardecer marciano na cratera de Gale, fotografado pelo rover Curiosity da NASA.
Se nos determos por breves instantes e observarmos o Sol em cada uma das fotos, notaremos que na Terra pode-se ver o Sol com um tamanho um pouco maior do que em Marte. Isso é lógico uma vez que o planeta vermelho está cerca de 50% mais longe do astro-rei do que nós. O pálido azulado (provavelmente produto da dispersão do pó no planeta marciano) embeleza o panorama com um esplendor único, fascinante e cativante, semelhante a uma paisagem nórdica de inverno, embora também sugira um cenário mais próprio da ficção científica.
Tudo isto me faz pensar em algo que Carl Sagan afirmou:
Nós podemos explicar o azul-pálido desse pequeno mundo que conhecemos muito bem. Se um cientista alienígena, recém-chegado às imediações de nosso Sistema Solar, poderia fidedignamente inferir oceanos, nuvens e uma atmosfera espessa, já não é tão certo. Netuno, por exemplo, é azul, mas por razões inteiramente diferentes. Desse ponto distante de observação, a Terra talvez não apresentasse nenhum interesse especial. Para nós, no entanto, ela é diferente. Olhem de novo para o ponto. É ali. É a nossa casa. Somos nós. Nesse ponto, todos aqueles que amamos, que conhecemos, de quem já ouvimos falar, todos os seres humanos que já existiram, vivem ou viveram as suas vidas. Toda a nossa mistura de alegria e sofrimento, todas as inúmeras religiões, ideologias e doutrinas econômicas, todos os caçadores e saqueadores, heróis e covardes, criadores e destruidores de civilizações, reis e camponeses, jovens casais apaixonados, pais e mães, todas as crianças, todos os inventores e exploradores, professores de moral, políticos corruptos, “superastros”, “líderes supremos”, todos os santos e pecadores da história de nossa espécie, ali – num grão de poeira suspenso num raio de sol. A Terra é um palco muito pequeno em uma imensa arena cósmica. Pensem nos rios de sangue derramados por todos os generais e imperadores para que, na glória do triunfo, pudessem ser os senhores momentâneos de uma fração desse ponto. Pensem nas crueldades infinitas cometidas pelos habitantes de um canto desse pixel contra os habitantes mal distinguíveis de algum outro canto, em seus freqüentes conflitos, em sua ânsia de recíproca destruição, em seus ódios ardentes. Nossas atitudes, nossa pretensa importância de que temos uma posição privilegiada no Universo, tudo isso é posto em dúvida por esse ponto de luz pálida. O nosso planeta é um pontinho solitário na grande escuridão cósmica circundante. Em nossa obscuridade, no meio de toda essa imensidão, não há nenhum indício de que, de algum outro mundo, virá socorro que nos salve de nós mesmos. (…)
E o que esta imagem desperta em ti? Que outras diferenças ou semelhanças encontras? A secção de comentários é toda tua.