A Terra em Marte

As proezas dos faquires

faquirQuando falamos dos faquires, normalmente imaginamos sempre mais ou menos o mesmo, um homem que desafia a dor (fazendo gala de um extraordinário auto-controlo  através de vários métodos, como por exemplo deitar-se sobre uma cama de pregos ou trespassar a própria carne com agulhas e ganchos. Estas personagens estão envolvidas de uma aura de mistério e frequentemente, as suas histórias superam os limites da realidade.

A palavra faquir vem do persa, e significa pobreza, são pessoas que executam feitos de resistência ao corpo humano desprezando qualquer sensação física e acreditam no triunfo do espírito em troca de esmolas. Porém nem todas as pessoas que se auto-flagelam podem ser consideradas faquires, pois os faquires recitam escrituras e seguem uma religião. São considerados santos por alguns e mágicos engenhosos por outros, professam o voto de pobreza como parte da sua filosofia e exercitam o domínio da própria dor, superando largamente o que o resto dos comuns mortais consideraria insuportável. Estes religiosos mendigos, dependiam destas espectaculares actuações para poder subsistir (uma vez que viviam das esmolas), chegando a criar uma ampla gama de truques para atrair o maior número possível de espectadores.

Caminhar sobre brasas ou vidros, introduzir brasas na boca, passar meses sem comer, ou dormir numa cama de pregos são algumas das práticas comuns entre eles, com as quais pretendiam demonstrar que levando o corpo e a mente a um estado de “santidade” (através da oração e da disciplina) podiam realizar coisas impossíveis.

Curiosamente, embora os faquires realizassem truques realmente espectaculares e não precisassem de exageros, a lenda levou-os mais além.

Um dos mais famosos truques atribuídos aos faquires é o da corda indiana. É um truque muito especial e que poucos no mundo conseguem realizar. Existem variações do truque da corda indiano, mas que não são muito diferentes entre si. Na versão mais simples, a corda levita, um menino escala-a e depois desaparece. A versão clássica é mais chocante. Um garoto escala a corda e desaparece. O mágico pega então numa espada e sobe também a corda, e começa a golpear o lugar onde o menino sumiu. As partes do corpo vão caindo no chão. O mágico desce, pega estas partes, coloca em um cesto e o menino sai inteiro de dentro dele.

Esta proeza tornou-se tão popular que durante o século XIX, o vice-rei da Índia chegou a oferecer uma recompensa de 1.000 libras a quem conseguisse executar este truque diante do príncipe de Gales, para o impressionar durante uma das suas visitas à Índia  Ninguém respondeu à chamada, pelo simples motivo de que nunca existiu nenhum faquir que executasse esse dito truque.

Tudo tinha sido um rumor iniciado em 1888 por um jornal norte-americano (o Chicago Tribune), após o que todo o mundo começou a dar a situação como sendo real. Inclusivamente depois de o jornal o ter desmentido, a lenda continuou. E mais ainda, ouve alguns ilusionistas da época que disseram conseguir fazer o truque, tendo um deles afirmado que a explicação era simplesmente o uso de dois irmãos gémeos, e que um deles era realmente desmembrado.

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