Esta passagem que foi interpretada como uma forma de justificar o tratamento injusto e desigual que se tem dado à mulher na religião católica ao longo da história, mas afinal parece que isso se poderá dever a um mero erro de tradução e não a uma manifesta intenção do autor/autores dos textos bíblicos.
Para entender isto, devemos remontar aos tempos dos antigos sumérios, cuja mitologia englobava umas figuras conhecidas como ME, criações dos deuses e cujo intuito era manter o equilíbrio no nosso mundo. Estas criações incluíam diversas artes, ofícios e aptidões, entre as quais encontramos uma fundamental para a nossa história, o TI.
A escrita cuneiforme dos sumérios tinha uma pequena armadilha, uma vez que algumas palavras podiam significar coisas diferentes consoante o contexto, e mais concretamente a TI que tanto podia significar o “o poder de dar a vida” como “costela”, conforme a sua colocação. O Mito sumério do Génesis relata-nos que o deus Enki criou tanto o homem como a mulher em igualdade de condições, trabalho realizado através do TI (neste caso traduzido como “poder de dar a vida”).
Nos tempos de Nabucodonosor os judeus passaram algum tempo exilados na Babilónia, a convite do próprio rei, e segundo se crê, estes teriam tido um contacto mais profundo com a mitologia suméria que os judeus já conheciam desde Abraão, embora de uma forma menos exaustiva. Acredita-se que muitos dos mitos sumérios foram adoptados pelos judeus, incluindo o da criação e outros como o Livro de Job, o Pentateuco, o Cantar dos Cantares ou a vida de Sargão da Acádia, que serviu para dar forma à personagem de Moisés.
Não é muito claro se o facto de na tradução a palavra TI tivesse sido tomada como “costela” e não como “poder para dar vida” obedecerá a um mero erro ou à misoginia, mas parece estranho que se trate de um erro devido à minuciosa redacção da Torah, redigida atendendo a valores numéricos muito concretos e rigorosos.
Em suma, os que defendem que a mulher é inferior porque está dito na Bíblia, vão ter que procurar outra desculpa para validar tão ridículo argumento.