A Rainha das Pin-ups, a inconfundível Bettie Page, conquistou o submundo com sua sensualidade irresistível. Mas isso foi uma espada de dois gumes que lhe causou muitos problemas em suas tentativas de conquistar Hollywood, o sonho que a acompanhou do Tennessee logo a partir da sua infância.
Junte-se a nós para conhecer a história da mulher de cabelos escuros e franja que se tornou um ícone popular, ironicamente, após ter desaparecido completamente de cena.
A história de Bettie Page, a “pin-up” desaparecida
A vida de Bettie Page começa em Nashville, Tennesse, no dia 22 de abril de 1923. Foi a segunda de seis filhos, resultado do casamento de Walter Roy Page e Edna Mae Pirtle, um casal disfuncional que fez da infância da modelo pin-up uma desgraça.
A mãe de Bettie Page, Edna, desprezava-a, e seu pai abusou dela aos 13 anos. A jovem, vítima das circunstâncias, estava desprotegida. Mas nada disso abalou o desejo de um dia se estrear no cinema em filmes como os que gostava de assistir com a irmã. Brincalhona, ela posava e imitava as atrizes da época. Foi uma forma de fugir daquela realidade, da qual fugiu aos 18 anos para perseguir os seus sonhos em Hollywood. Escolheu um caminho difícil, sem dúvida.
Bettie tentou a sorte em várias audições e foi rejeitada em todas. Se não era rejeitada porque os produtores não gostavam do seu sotaque sulista, então a sua beleza e encanto jogavam contra ela. Os homens perdiam a compostura com a sensualidade natural de Bettie Page e pediam-lhe “favores sexuais” em troca de oportunidades no mundo do entretenimento. Mas ela preferiu recusar todas as propostas impróprias, em vez de se tornar famosa contra a sua moral.
Cansada de receber sempre a mesma resposta, procurou um emprego de secretária em Nova Iorque na década de 1950. Isso permitiu-lhe pagar o aluguer da casa enquanto procurava uma oportunidade no teatro. Mas o destino tinha outros planos para ela. Numa das suas caminhadas pela praia de Coney Island, ela chamou a atenção do policia e fotógrafo amador Cass Carr. Ele foi um dos primeiros a fotografar a mulher de aparência dominante e olhos vibrantes que se tornou na modelo que hoje recordamos.
Carr definiu a rainha das pin-ups, não exatamente como uma explosão sexual como poderia ser julgado de acordo com as fotos nas quais ela desfilou com roupas escassas para um público principalmente fetichista. “Ela era uma dactilógrafa brilhante, às vezes trazia trabalho para terminar com minha máquina de escrever entre as sessões fotográficas. Eu a consideraria uma jovem muito controlada, calma e composta. Ela não fumava nem bebia e não se importava muito com o que os outros faziam”, referiu Carr.
Com o passar do tempo, Bettie Page tornou-se a favorita dos fotógrafos profissionais, mais do que encantados em retratá-la com sua franja popular em poses provocantes, com biquínis e saltos altos. Ela apareceu em revistas reconhecidas como Wink e Flirt. Também conseguiu aparecer na capa da revista Playboy em 1955. Tudo isso sem ser considerada uma celebridade.
O fotógrafo Irving Klaw transformou-a na primeira modelo bondage, altamente valorizado no mundo underground da sexualidade. Por este motivo, ela foi legalmente perseguida por suspeita de incorrer em pornografia, tendo então decidido desistir da sua carreira de modelo para desaparecer em 1957.
Os fãs de Bettie Page não paravam de se perguntar sobre a mulher que parecia ter desaparecido da face da terra e isso despertou uma profunda adoração neles. Mais tarde, soube-se que naqueles anos a femme fatale morena se tinha convertido ao cristianismo, casando-se pela segunda vez e, em 1972, divorciou-se do parceiro. Em 1979, ela foi internada numa instituição psiquiátrica após sofrer um colapso nervoso, tendo sido diagnosticada com esquizofrenia aguda. Lá permaneceu 20 meses no esquecimento.
Na década de 1980, a popularidade de Bettie Page cresceu como nunca antes. Não se sabia se ainda estaria viva, mas celebridades copiaram o seu estilo e as fotos de Page estavam espalhadas por toda parte. Foi louco!
No final da década de 1990, uma das personagens mais fotografadas do século XX, que tinha sido considerada morta, finalmente deu sinais de vida, confessando numa entrevista o seu espanto com o repentino ressurgimento da sua carreira após décadas desaparecida. Ainda estou chocada com isso. Nunca ouvi falar do caso de uma modelo pin-up, modelo high fashion, atriz ou qualquer outra coisa que, depois de mais ou menos 40 anos, ganhou mais popularidade, mais publicidade e mais dinheiro do que quando era modelo. Não consigo explicar”, disse ela.
Em 2008 ela faleceu com 85 anos, não sem antes poder desfrutar de todos os benefícios do estatuto de estrela mundial. Porém, ela será sempre lembrada como a bela morena, símbolo da sexualidade e do poder feminino, rainha dos modelos de catálogo e da fantasia dos homens de outros tempos.
Você conhecia a história por trás da famosa pin-up?
Imagem por James Vaughan no Flickr.